Depois de anos sendo um pop culture junkie, finalmente resolvi canalizar minhas energias em algo útil (assim, dependendo da sua perspectiva). Esse blog tem, portanto, o objetivo de documentar quem está causando na cultura pop mas não comentando do óbvio e sim antecipando tendências e o que está por vir. E-mail me @ tacausando@gmail.com. Mais sobre a nossa proposta.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Os novos Kardashians?


Esses barbudos ai de cima tem pouco em comum com as Kardashians e sua sensualidade californiana. Porém, desde que Kim & co. transcenderam as telas da televisão e criaram um império, não se vê uma família desatar tamanho fenômeno. Em muitos sentidos, os Robertsons já superaram as irmãs K. Mas quem são eles? De onde surgiram? (#GloboReporter)

A família Robertson foi apresentada ao público -- onde mais? -- num reality show. Eles operam um negócio familiar, Duck Commander, que comercializa produtos para caçadores de pato, tendo como carro chefe um duck call inventado pelo patriarca da família, Phil. Junto a sua fiel esposa Kay, ele teve cinco filhos que os ajudaram a transformar a empresa familiar num negócio altamente lucrativo, deixando-os ricos. O reality show, Duck Dynasty, mostra o cotidiano da enorme família, com foco em Phill; o seu irmão, Uncle Si e dois dos filhos mais envolvidos na Duck Commander, Willie, o CEO da empresa, e Jase, responsável por fabricar os produtos. Além dos quatro, várias esposas, filhos e netos integram a família, que representa bem o estereótipo de família caipira/conservadora sulista. Ilustrando bem a vibe do programa e de seus espectadores, todo episódio termina com a família inteira rezando, reunida em volta de um farto jantar preparado pela matriarca Kay.

A camaradagem e o senso de humor da família, combinado com os valores que refletem uma parcela gigantesca da população que não se vê representado na TV com frequência, fez de Duck Dynasty um gigantesco fenômeno. A estreia da quarta temporada, em agosto, atraiu 11.8 milhões de espectadores, se transformando no programa de não-ficção mais visto da história da TV a cabo e superando todas as ofertas da TV aberta do dia.

A família reunida
Porém, mais do que um fenômeno na televisão, o programa conseguiu transcender a tela e se transformar numa franquia de produtos que, só em 2013, irá lucrar mais de 400 milhões de dólares. Entre numa gigantesca de varejo nos EUA, principalmente no sul e nas regiões rurais, e você comprovará que, atualmente, não existe marca mais poderosa no país do que os Robertson

Foi no Wal-Mart, a maior rede de varejo do planeta, responsável por 25% das vendas totais de bens de consumo nos EUA, que a família mostrou seu verdadeiro poder de venda. A loja se deu conta que a família poderia ir além da televisão quando uma camisa gráfica com os quatro Robertsons principais se transformou no produto de vestimenta mais vendido da loja ao longo de 2012. Na época, a linha de produtos baseados na família e no programa estavam disponíveis em seis departamentos da rede; hoje em dia, todos os departamentos das 2.800 WalMart dos EUA estão cobertos de buginganga com os Robertson estampados, indo de DVDs a bandagens anti-bacterianas, passando por brinquedos, linha de roupa, roupa de cama, fantasia para cachorro, sacos de dormir, video games, toalhas de praia, CDs, brinquedos, tapetes, jogos de tabuleiro, charutos, cartões comemorativos, decoração de festa, óculos escuro, relógios, headphones, pendrives, aparelhos de som, bicicletas, itens de papelaria e milhares de outros produtos pertencentes a quase qualquer categoria imaginável. Em novembro, uma linha de maquiagem e de vinho baseados no programa foram postas a venda. Uma campanha televisiva, que anuncia a onipresença de produtos Duck Dynasty nas prateleiras das lojas, está atualmente sendo veiculada. A quem diga que é mais fácil encontrar produtos dos Robertson nas prateleiras da loja do que outras figurinhas carimbadas dos produtos licenciados como Bob Esponja, Barbie, Monster High ou Disney.



É verdade que o público da Wal-Mart, a líder incontestável do varejo mundial e um fenômeno de consumo sem igual nos EUA, reflete perfeitamente o público de Duck Dynasty (interiorano e conservador) mas o sucesso dos produtos é tão gigantesco que as outras gigantescas do varejo também estão se rendendo: a Target, outra big box store com um ar mais cool e urbano que a Wal-Mart, também oferece centenas de produtos Duck Dynasty e a Kohl's, a segunda maior loja de departamento do país, tem uma linha exclusiva de produtos baseada no programa e na família. Entre numa petshop e você irá encontrar uma linha de brinquedos (e fantasias) para cachorros baseado no programa. Entre numa Bed, Bath & Beyond e você encontrará cortinas de chuveiro com eles estampados. Até a rede de lojas de roupa para garotas pré-adolescentes, Justice, tem uma linha de camisetas Duck Dynasty. Isso sem falar a infinidade de produtos que você pode comprar online no Amazon ou, melhor ainda, no site oficial da empresa da família. E claro, pacotes de até 2 mil dólares também estão disponíveis para o Duck Commander Cruise, onde você poderá ver as estrelas do programa ao vivo (ou não. Os de 2014 já estão esgotados).

Os Robertson são um fenômeno tão gigantesco que eles invadiram até o mercado musical. Duck the Halls, um CD com sucessos natalinos cantado pelos integrantes da família, já obteve disco de ouro e ultrapassou 600 mil unidades vendidas desde seu lançamento, no final de outubro. Já Sichology, um livro baseado nos bordões do Uncle Si, também é um dos maiores sucessos editoriais do ano, com 700 mil cópias impressas enquanto The Duck Commander Family, escrito por Willie, já ultrapassou 1 milhão de unidades. Alias, a rede de livrarias Book-A-Millions notou um apetite tão gigantesco pelos livros que displays em todas as suas lojas vendem não só o livro mas também blusas, artigos de papelaria, bonés e outras bugingangas da família. Parece que nenhuma loja dos EUA quer ficar de fora do sucesso de consumo do ano.

Michael Stone, CEO da agência de licenciamento Beanstalk, acredita que, pelo menos quando o assunto é produtos licenciados, Duck Dynasty é um fenômeno com data de validade. Em entrevista a Forbes, ele compara o boom atual com o desenho animado South Park. Apesar de South Park ainda ser um sucesso televisivo, com episódios inéditos sendo uma das maiores audiências do Comedy Central, o apetite por merchandising baseado no programa é baixo. Isso é um contraste gigantesco com o final dos anos 90, quando South Park era a marca mais desejada do momento e a demanda era tanta que as lojas tinham dificuldade de manter seus estoques.

"Em Duck Dynasty, eles rezam no final de cada episódio. Isso é muito Middle America e é algo que ressoa enormemente com os consumidores da Walmart, o consumidor rural. Eles são o American dream, virando milionários através de trabalho árduo. Mesmo assim, as pessoas que ganham um salário minimo se identificam enormemente com eles", sintetiza Charlie Anderson, CEO da agência de marketing de varejo Shoptology.



Mas Anderson já previa que lidar com personalidades, principalmente personagens tão polarizantes, tinha seus perigos. E ninguém é um melhor exemplo disso que a cozinheira Paula Dean que, assim como os Robertson, criou um império baseado em sua imagem sulista. Porém, o império de Paula came crashing down quando Deen admitiu, em tribunal, que ela tinha usado um xingamento altamente racista nos anos 80. A revelação fez com que ela perdesse seus programas no Food Network e centenas de milhões de dólares em endorsement deal, com o Walmart, a Target, Kmart, a rede de farmácias QVC, as lojas de departamento JCPenneys e Sears, a editora Ballentine Books entre várias outras.

E claro, todo mundo sabia que, mais cedo ou mais tarde, alguém de Duck Dynasty ia meter o pé na jaca e fazer alguma declaração politicamente incorreta. Sure enough, em entrevista a revista GQ de janeiro, o patriarca da família, Phil, comparou homossexualidade com bestialidade e foi mais longe:  “Não se engane. Nem os adulteros, nem os idolatradores, os prostitutos, os homossexuais, os bêbados, os arrogantes, os ladrões -- eles não vão herdar o reino de Deus. Não se engane, essas coisas não são certas” (também na entrevista: afirmações polêmicas sobre o sul e Louisiana pré-direitos civis).

E voila, estrago feito e agora estão todos em damage control. A A&E, dona da propriedade e desesperada para manter o império intacto, agiu rápido anunciado que Phil será afastado do programa por tempo indeterminado. A Walmart se recusou a comentar mas a editora Simon & Schuster já afirmou que irá manter os livros baseado no programa em circulação.

A reação brutal em relação a Deen foi uma consequência de um amontoado de outras pequenas controvérsias: durante anos, a cozinheira foi criticada pelas suas receitas altamente gordurosas e com quantidades obscenas de manteiga. As críticas atingiram novas dimensões quando a cozinheira, motivada por um contrato publicitário com um remédio, admitiu ser diabética. As alegações de racismo foram apenas a gota d'água.

Por outro lado, Duck Dynasty está no seu ápice e, até agora, a família se manteve afastada de qualquer polêmica. Porém, as declarações de Phil foram a primeira rachadura na marketability da família e, de agora em diante, todo cuidado é pouco.

Mas, enquanto isso, o marketing frenzy continua. Essa semana, a dois meses de seu lançamento, Duck the Halls, o CD da família, se mantém na sexta posição entre os dez álbuns mais vendidos da semana. Já a internet está pegando fogo, com milhares de fãs de Duck Dynasty defendendo Phill e atacando a decisão do A&E em suspendê-lo. Uma página apoiando o patriarca já acumula 1.3 milhão de curtidas em menos de 48 horas e um abaixo assinado protestando a suspensão já obteve mais de 100 mil assinaturas (e um segundo abaixo assinado, divulgado pelo Faith Driven Consumers, está perto de chegar a 200 mil). A família já divulgou um statement repudiando a decisão do A&E e as ameaças a executivos do canal são tantas que a sede do A&E em Manhattan aumentou o número de seguranças. 
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Fun fact: Isso era eles antes da fama


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Macklemore e Ryan Lewis: o primeiro smash hit de 2013


Apesar de ter sido lançado independentemente, sem apoio de nenhuma grande gravadora e ser de artistas desconhecidos, o rapper Macklemore e o seu produtor Ryan Lewis, Thrift Shop é o primeiro smash hit de 2013.

Como de costume, o primeiro país que notou o potencial da música foi a Austrália, onde a canção alcançou o top 10 em outubro e, na primeira semana de dezembro, atingiu o primeiro lugar. A música já é 5x Platina no país.

Agora, o single alcançou o topo do iTunes estado-unidense e é só questão de tempo até ela alcançar o topo do Hot 100. Mais de 1 milhão de unidades da música foram vendidas até agora. No Reino Unido, ela também está escalando os charts em velocidade impressionante. Sem nenhuma promoção, ela entrou no top 100 na semana passada (na posição 81) e, desde então, já disparou para a 14ª posição no iTunes local.

A canção, cheia de irreverência, satiriza a fixação de Macklemore por comprar suas roupas em brechós e seu desapego a grifes.

O cantor parece não estar destinado a ser um one hit wonder. Na Austrália -- que costuma ser o primeiro a se dar conta de futuros hits (Lady Gaga atingiu o primeiro lugar lá com Just Dance e Poker Face meses antes do resto do mundo; o mesmo para Gotye e Somebody That I Used to Know e Ke$ha e TiK ToK) -- ele acaba de atingir o topo com seu segundo single, Same Love. A canção critica a homofobia na sociedade americana enquanto apoia explicitamente a aprovação da lei que dá direitos iguais aos homossexuais.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Retrospetiva 2012: Cinema (parte 2)

Na Parte I, nós examinamos os grandes sucessos de Hollywood. Na Parte 2, vamos dar uma olhada nos sucessos locais.

Brasil: "Até Que a Sorte Nos Separe" de Leandro Hassum é a melhor bilheteria nacional do ano e a décima melhor no total (16.3 milhões de dólares arrecadados/cerca de 20 milhões de reais). O filme ultrapassou 3 milhões de ingressos vendidos e uma sequencia já está em produção.



Não foi um ano muito bom para o cinema nacional mas Hollywood soltou fogos. "Os Vingadores", como já mencionei na Parte 1, é a maior bilheteria da história do país (R$125 milhões) e é um dos poucos filmes da história do país a ultrapassar 10 milhões de bilhetes vendidos. "Amanhecer Parte I" e "A Era do Gelo 4" arrecadaram mais de 80 milhões de reais. 

Enquanto, no mundo, Batman foi o super herói solo mais bem-sucedido, os brasileiros preferem O Homem Aranha. Apesar de O Cavaleiro das Trevas Ressurge ter a vantagem de ser o terceiro de uma trilogia e o Incrível Homem Aranha ser o primeiro, o filme de Marc Webb superou o de Christopher Nolan por 6 milhões de reais por aqui (62 milhões contra 56 milhões reais).

Top 5 Brasil - valores em dólar: 1. Os Vingadores (64 milhões de dólares) ; 2. Twilight Saga Breaking Dawn pt. II (44.6 milhões); 3. A Era do Gelo 4; 4. The Amazing Spiderman (30.3 milhões); 5. Madagascar 3 (28.6 milhões).

Argentina: Adrian Suar é um baita de um nome na Argentina. Produtor de novelas e seriados, ele é dono da maior produtora independente do país, a Pol-Ka. Ele também é ator, estrelando em muitas de suas novelas e seriados. Além disso, ele é o diretor do Canal 13, que divide a liderança de audiência com a Telefe. Ah, e além disso tudo, ele também é, atualmente, o maior nome do cinema local.

Em 2008, o filme de maior bilheteria do país foi Un Novio para mi Mujer (Um Namorado para minha Esposa), estrelando Adrian Suar (e Valeria Bertucceli), uma divertida comédia sobre um homem que não aguenta mais sua esposa e, sem ter coragem de pedir o divórcio, tenta fazer com que ela se apaixone por outro homem e o largue. Em 2009, a décima maior bilheteria do país -- e maior bilheteria de um filme local -- foi Igualita a Mi, estrelando Adrian Suar (e Florencia Bertotti), uma comédia sobre um homem mulherengo restabelecendo laços com sua filha adulta grávida que ele não sabia que tinha. E, esse ano, novamente, a maior bilheteria para um filme local (e oitava do ano) é Dos Mas Dos, estrelando Adrian Suar sobre swing e trocas de casal.
Ou seja, ao longo dos últimos cinco anos, o cinema local argentino foi dominado por Adrian Suar. A exceção foi 2010 quando a maior bilheteria do ano foi El Secreto de tus Ojos, o filme com Ricardo Darin que acabou levando o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Eu não curto monopólio mas pelo menos os filmes de Suar são bem divertidos. Abaixo, o trailer de Dos Mas Dos.

 

Top 5 Argentina: 1. Era do Gelo 4 (29 milhões de dólares); 2. Os Vingadores (18 milhões); 3. Madagascar 3 (17 milhões); 4. The Dark Knight Rises (11 milhões); 5. Brave (10.6 milhões).

Austrália: A indústria cinematográfica australiana não é exatamente muito próspera. Apesar de o país ter bastante domínio da técnica e vários profissionais talentosos (que migram para Hollywood), é raro um filme local causar repercussão no país.

Esse ano, The Sapphires foi o filme local que mais chegou perto de fazer barulho. Musical, o filma narra a história de quatro mulher indígenas no fim dos anos 60 que formam as The Saphires, a resposta australiana para The Supremes. O filme lucrou 15 milhões de dólares e é a 22ª maior bilheteria do ano. A trilha sonora do filme também foi um sucesso, alcançando o topo da parada de álbuns e chegando a disco de platina.


É claro que o sucesso não se compara com filmes de Hollywood. The Avengers é a melhor bilheteria do ano por lá com 55 milhões de dólares arrecadados, seguido de The Dark Knight Rises e Skyfall. A comédia Ted também teve um ótimo desempenho no país, com 35 milhões de dólares em bilheteria e o quarto melhor resultado do ano.

Filmes ingleses também fizeram bonito por lá. Além de Skyfall, Sherlock Holmes foi a décima melhor bilheteria (21 milhões) enquanto The Best Exotic Marigold Hotel, a modesta comédia sobre um grupo de velhinhos britânicos numa viagem desastrosa para Índia encabeçada por Dev Patel, Meggie Smith e Dame Judi Dench é a nona maior bilheteria (21.2 milhões).

No mais, Ice Age 4, foi como na maior parte do mundo, a maior filme animado (28.6 milhões de dólares) e tanto Hunger Games quanto Breaking Dawn Pt. 1 fizeram bonito (ambos na casa dos 30 milhões de dólares).

Top 5 Austrália: 1. Os Vingadores (55 milhões de dólares); 2. The Dark Knight Rises (44.2 milhões de dólares); 3. Skyfall (35 milhões de dólares); 4. Ted (33.54 milhões de dólares); 5. The Hunger Games (31 milhões).

Japão: É inacreditável o quanto a indústria local japonesa cresceu na última década. Em 2002, entre as dez maiores bilheterias do ano, apenas um filme (The Cat Returns,uma animação do Studio Ghibli) era japonês. Dez anos depois, 8 entre os 10 filmes mais lucrativos do ano foram filmes locais.

Contudo, nem tudo são boas notícias: foi a primeira vez em cinco anos que o filme mais assistido não ultrapassou a barreira dos 100 milhões de dólares (em 2011, Harry Potter & the Deathly Hollows 2 e Piratas do Caribe 4 ultrapassaram a marca; em 2010, Alice no País das Maravilhas, Toy Story 3 e o filme do Studio Ghibli, The Borrowers). Mesmo assim, o Japão continua firme e forte como um dos maiores mercados do mundo.

No cinema local japonês, não existe marca mais forte do que o Studio Ghibli. O estúdio de animação, fundado por Hayao Miyazaki, tem lançado filmes de sucesso no país desde os anos 80 e é responsável pela maior bilheteria da história do país, Sen to Chihiro no Kamikakushi, de 2001, conhecido no Brasil como "A Viagem de Chihiro".

Os filmes do estúdio são garantia de rendimentos altíssimos: em 2001, Sen to Chihiro virou a maior bilheteria de todos os tempos, com 240 milhões de dólares arrecados; em 2002, The Cat Returns lucrou 50.6 milhões de dólares; em 2004, Howl's Moving Castle lucrou 190 milhões de dólares; em 2006, Gendo Senki (Tales from Earthsea), lucrou 64 milhões (um relativo fracasso para  a companhia e, mesmo assim, o melhor resultado para um filme japonês naquele ano e a terceira melhor bilheteria geral); em 2008, Ponyo alcançou 165 milhões; em 2010, Arriety alcançou 110 milhões e, ano passado, o low profile From Up the Poppy Hill fez 56 milhões de dólares. Mesmo com os resultados oscilantes, os filmes do Studio Ghibli tiveram a distinção de, todos os anos, serem os filmes japoneses com maior bilheteria e, com Chihiro (2002); Ponyo (2008) e Howl's Moving Castle (2004), a maior bilheteria geral do ano, superando qualquer blockbuster hollywodiano. Totoro; Castle in the Sky e Kiki Delievery Service, clássicos Ghibli lançados nos anos 80, são os filmes mais vendidos em DVD no país (Totoro é o mais vendido de todos os tempos) enquanto Princess Mononoke, com 170 milhões de dólares arrecadados em 1997, foi a segunda maior bilheteria da década (atrás apenas de Titanic). Chihiro; Howl's; Ponyo e Princess Mononoke figuram entre as dez maiores bilheterias de todos os tempo no país (com Chihiro encabeçando a lista) e são os quatro filmes japoneses mais lucrativos da história.


Contudo, em 2012, o estúdio Ghibli não lançou nenhum filme e o estúdio Mad House soube muito bem preencher o vazio. Okami kodomo no Ame to Yuki (Ame e Yuki, as Crianças Lobo) lucrou 52 milhões de dólares e finalizou o ano como o principal filme infanto-juvenil. O número foi modesto comparado com os lançamentos do estúdio de Hayao Miyazaki e o filme não teve a distinção de ser a maior bilheteria local (foi a quinta maior). O filme teve, porém, a distinção de ser o único entre os dez mais vistos desse ano que não fazia parte de uma franquia já estabelecida e bem sucedida.

(para os fãs de Ghibli, sem pânico: o estúdio lança dois filmes ano que vem, inclusive um dirigido e escrito pelo próprio Hayao Miyazaki. Esses -- como provado por Totoro; Chihiro; Mononoke; Ponyo e Howl's Moving Castle -- são sempre os maiores fenômenos do estúdio).

Ame to Yuki não foi a única animação infantil a arrasar nas bilheterias. Como todos os anos, três franquias infanto-juvenis continuaram super fortes. Os desenhos animados Doraemon, sobre um gato robô; Pokemon, que todos nós conhecemos e Detetive Conan, sobre um detetive excepcional preso no corpo de uma criança, são sucessos gigantescos na televisão faz gerações e, todo ano, eles originam um filme que registra altíssimas bilheterias.


O filme de Doraemon, o 32º em 32 anos, lucrou 44.6 milhões de dólares e ocupou o oitavo lugar entre as dez maiores bilheterias. Ele foi seguido pelo 15º filme do Pokemon, com 44 milhões. Finalmente, o novo caso cinematográfico de Detetive Conan, o 16º em 16 anos, encerra o top 10 com 42.3 milhões.

Mas não só animes para criança atraem multidões. Em meados dos anos 90, Evangelion, uma melancólica história sobre o mundo no século 21, que mistura personagens cheios de bagagem emocional com robôs gigantescos, foi um verdadeiro fenômeno no país e um divisor de águas para a animação local. Desde 2007, a história está sendo recontada através de quatro filmes. O terceiro, Evangelion 3.0, estreou esse ano causando enorme histeria e lucrou 53 milhões de dólares, a quarta maior bilheteria do ano. O terceiro filme da série ultrapassa em 10 milhões a quantidade arrecadada pelo anterior, em 2007, e quase triplica os resultados do primeiro filme, de 2004. O capitulo final da saga chega aos cinemas japoneses no ano que vem.


Mas, ao contrário do que os estereótipos dizem, não é só de anime que vive o Japão. De fato, as três melhores bilheterias no país foram filmes carne-e-osso: Umizaru 4; Thermae Romae e Odoru Daisoasen.

O quarto filme da série Umizaru foi o filme mais assistido do ano, com 92 milhões de dólares arrecadados. A série, adaptada de um mangá de mesmo nome, mistura ação e romance e foca num grupo de mergulhadores de resgate. Ido Hideaki é o protagonista da série -- acompanhamo-os desde seu treinamento no primeiro filme até sua ascensão como sea marshall (se tem algo que japonês ama é ver filme e novela sobre gente trabalhando duro para chegar ao topo) -- em uma série de missões cada vez mais grandiosas, arriscadas e com maior orçamentos e efeitos especiais. Também acompanhamos o seu romance com a personagem interpretada por Ai Kato que se apaixona pelo protagonista no primeiro filme e, no quarto, é sua esposa e mãe de seus filhos.

Umizaru é uma das maiores franquias carne-e-osso da história do cinema japonês. O primeiro filme, lançado em 2004, lucrou pouco mais de 14 milhões de dólares, porém, graças a promoção constante da Fuji TV, emissora que co-produziu os filmes, e boca a boca, a seqüencia, Umizaru: Limit of Love, ultrapassou a barreira dos 60 milhões. O filme alcançou seu ápice de lucros em 2010 quando Umizaru 3: The Last Message, impulsionado por cópias 3D, ultrapassou a barreira dos 95 milhões. Em bilhetes vendidos, contudo, Umizaru 4 continua o crescimento da franquia, pois teve um lucro similar sem o auxílio dos ingressos mais caros.


Com tanto sucesso, é óbvio que um quinto filme está sendo produzido, certo? Não tão rápido. O autor de mangá responsável pela obra, Shuho Sato, conhecido por ter um pavil bem curto, anunciou, em outubro, que encerrou seu relacionamento com a Fuji TV, resultando no fim da franquia cinematográfica. O motivo? A emissora marcou dezenas de entrevistas com ele sem confirmar sua disponibilidade antes. 

(Fun fact: não é a primeira vez que ele toma uma decisão chocante: a alguns meses atrás, depois de brigar com a editora que publicava seu mangá atual, o bem-sucedido Say Hello to Black Jack, ele resolveu publica-lo apenas na internet e, a parte mais bizarra, liberar os direitos da obra e de seus personagens para qualquer um).

A segunda maior bilheteria do ano também foi baseado em um mangá. A comédia Thermae Romae é a história de Lucius, um arquiteto na Roma Antiga e que, com dificuldade de acompanhar todas as mudanças freqüentes em técnicas e estética da época, acaba perdendo seu emprego. Um dia, numa casa de banho, ele descobre uma drenagem estranha na banheira que o leva para uma casa de banho do Japão atual. Lá, ele fica em choque com todas as novidades e, de volta ao passado, começa a implementar mudanças baseados no que ele viu no futuro e assim obtém enorme sucesso e respeito. A história acompanha Lucius nas suas idas e vindas entre o Japão atual e a Roma antiga. Baseado num mangá de Maki Ozakasi, considerado um dos grandes sucessos de crítica e público dos últimos anos, a adaptação lucrou 75 milhões de dólares.

Em terceiro lugar temos o último filme da franquia Odoru Daisôsasen, essa sim o maior franchise live action do cinema japonês. A série começou como uma mini-série em 1997 e, subseqüentemente, deu origem a cinco especiais televisivos e seis filmes para o cinema (dois dos quais são spin-offs da série original) que lucraram mais de 400 milhões de dólares no total. O segundo filme da série, lançado em 2003, teve lucros de 156 milhões de dólares e é o filme japonês em carne-e-osso de maior bilheteria da história (e o quinto maior filme japonês, atrás dos quatro lançamentos Ghibli mencionados ali em cima).

Desde seu ápice, o filme perdeu um pouco de força mas, mesmo assim, continua em boa forma. Odoru Daisôassen the Final, o último capítulo da série, lucrou 73 milhões de dólares, quinze anos depois dos personagens terem sido inicialmente introduzidos aos japoneses no programa da Fuji TV. A série conta a história de um detetive jovem e idealista, que trabalha numa estação policial em Tokyo. A grande sacada do filme, contudo, não são cenas de perseguição e explosão mas sim uma sátira do excesso de burocracia e regulamentação tão presente na polícia japonesa e na sociedade em geral. Esse é o ponto de partida da primeira mini-série que, obviamente, foi se desenvolvendo ao longo desses 15 anos.

Todos os filmes entre as cinco maiores bilheterias japonesas são filmes locais. O primeiro filme hollywoodiano aparece apenas na sexta posição. E, na verdade, o filme em questão é tão Hollywood quanto Japão.

Resident Evil: Retribution, o quinto filme da franquia Resident Evil, baseada numa série de video games criada e produzida na Japão. A essa altura do campeonato, a série estrelada por Mila Jovovich parece estar sendo produzida somente com o mercado japonês em mente já que ele lucrou mais no país do que em qualquer outro lugar do mundo, inclusive os EUA. Com 45.6 milhões de dólares arrecadados, o filme superou por 300 mil dólares o colossal The Avengers que aparece logo em seguida na lista das maiores bilheterias. São os dois únicos filmes não-japoneses a aparecer entre os dez mais vistos.


No top 20, a situação é ligeiramente melhor para Hollywood com quatro lançamentos ultrapassando a barreira dos 25 milhões de dólares: The Amazing Spider Men; Men in Black 3; Tim Burton's Dark Shadow (o Japão AMA o Johnny Depp e AMA o Tim Burton mas esse resultado foi fraco para a dupla que ultrapassou 100 milhões de dólares com A Fábrica de Chocolate e Alice no País das Maravilhas) e Madagascar 3. Em todo o top 100, apenas 39 filmes são estrangeiros (um deles, Intouchables, da França, que lucrou 18 milhões de dólares por lá).

O cinema japonês pega muita inspiração em mangás e seriados televisivos (muitas vezes, seriados televisivos baseados em mangás). Entre os filmes de sucesso baseados em mangá está a bem sucedida franquia Always Sanchome no Yuhi (Always: O Pôr do Sol na Rua 3), sobre as mudanças que Tokyo sofreu graças ao boom econômico nos anos 60, focando-se especificamente numa rua (o terceiro filme da série é o 11º mais visto do ano, com 40 milhões de dólares); o filme de samurai Rurouni Kenshin (14º, 37 milhões); o romance focado em garotas adolescentes Bokura Ga Ita (17º, 29 milhões de dólares); o estiloso thriller sobre fama Heleter Skelter (22º, 24.3 milhões) e Space Brothers (33º, 19.3 milhões), sobre irmãos treinando para ser astronautas. Também temos os filmes que funcionam como continuação de bem sucedidos seriados televisivos como o já mencionado Odoru Daisoasen e os policiais Spec TEN (16º, 29 milhões) e Kirin no Tsubasa (19º, 19.8 milhões). Ah, ainda temos os mindfucks que são continuações de séries televisivas baseadas em mangás como o thriller Liar Game: REBORN (21º, 25 milhões) e a comédia romântica Hotaru no Hikari (26º, 23 milhões). 

Alias, se tem alguém feliz com o crescimento gigantesco do cinema japonês é a distribuidora local Toho. 37 dos 100 filmes mais assistidos do ano foram distribuídos por eles, um monopólio chocante no segundo mercado mais lucrativo do mundo.

Keep in mind que toda essa lista deve sofrer uma importância modificação nas próximas semanas. No dia 15 de dezembro, o novo filme do franchise ONE PIECE -- um spin-off do anime e do mangá de mesmo nome -- estreou com 16 milhões de dólares arrecadados, a melhor primeira semana do ano (superando os 15 milhões arrecadados por EVANGELION 3.0, o melhor opening weekend até então). Em algumas semanas ele com certeza desbancara Okami kodomo no Ame to Yuki e se transformará numa das cinco maiores bilheterias do ano. O quão longe ele vai chegar dentro do top 5, contudo, é difícil de dizer: filmes animados baseados em propriedades amadas são beneficiados por fanbases gigantescas e empolgadas que inflam os números da primeira semana (como provado por Evangelion) porém não necessariamente tem pernas tão longas (on the long run, Umizaru -- que lucrou 10 milhões no primeiro final de semana -- o superou, além de Thermae Romae e Odoru Daisoasen). O que está mais do que claro, contudo, é que o novo filme da franquia, o 12º, irá ultrapassar os 50 milhões de dólares arrecadados e se transformará na maior bilheteria da série (o recorde anterior pertencia ao lançamento de 2009, que lucrou 48 milhões de dólares).

Dos 15 filmes da saga ONE PIECE, apenas o lançamento de 2009 (Strong World) e desse ano (One Piece Z) ultrapassaram a marca dos 40 milhões de dólares. De fato, mais do que isso: foram os únicos a ultrapassarem os 20 milhões. O lançamento do ano passado, por exemplo, lucrou pouco mais de 9 milhões. O motivo pelos resultados tão dispares é que a maior parte dos filmes são considerados apenas episódios mais longos da série animada exibida toda a semana pela FUJI TV. Porém, os filmes de 2009 e de 2012, tiveram fortíssimos envolvimento de Eichiiro Oda, o autor e desenhista responsável pela série original, que continua sendo publicada desde 1997. Dessa maneira, os filmes são vistos pelo público como uma extensão da amada série de mangá e adições substancias para a história e não apenas uma forma fácil de ganhar dinheiro.

ONE PIECE é, alias, a série de mangá mais vendida da história do Japão. São 68 volumes até o momento que venderam, no total, mais de 290 milhões de unidades (mais chocante: é o único mangá a ultrapassar 200 milhões no total. Dragon Ball, o segundo maior vendedor, moveu 157 milhões). O último volume, lançado em novembro, teve uma tiragem inicial de 4 milhões de unidade, das quais 1.5 milhão foram vendidos apenas na primeira semana (o volume 66 vendeu mais de 2 milhões em uma semana). Os seus personagens são usados na promoção de diversos produtos -- de desodorante Axe a carros Nissan, passando por Pepsi -- e os DVDs do anime também obtém vendas altíssimas.


Enquanto a Toho tem o monopólio na distribuição dos filmes japoneses, ONEPIECE é a menina dos olhos da TOEI, a segunda maior distribuidora do Japão, cujo poder está mesmo na produção de versões animadas de mangás populares (por exemplo, Dragon Ball; Cavaleiros do Zodiaco e Sailor Moon).

Top 5 Japão: 1. Umizaru 4 (91.3 milhões); 2. Thermae Romae (74 milhões); 3. Odoru Daisoasen: the FINAL (73 milhões); 4. Evangelion 3.0 (53.8 milhões); 5. Okami kodomo no Ame to Yuki (52.55 milhões).

Coréia do Sul: Assim como o Japão, a Coréia do Sul tem uma indústria local cinematográfica muitíssimo forte. De fato, enquanto no país vizinho isso é recente, na Coréia, as produções locais enfrentam os titãs hollywoodianos de igual para igual faz mais de 10 anos (ajudado, é verdade, por leis de incentivo ao cinema local e cotas que obrigam os cinemas a exibir uma proporção maior de produções nacionais comparados a filmes hollywoodianos) e é um dos poucos mercados do mundo onde filmes locais ultrapassam as vendas de ingressos de filmes americanos.

A Coréia do Sul também se destaca por ser um dos pouquíssimos mercados onde a bilheteria -- principalmente a local -- não é dominada por filmes de franquias já existentes e sim histórias originais, de diferentes gêneros. Dessa maneira, o ranking anual local deles é uma reflexão interessante de histórias que realmente moveram o público, em contraste aos filmes de super heróis e seqüencias que dominaram a bilheteria mundial.

Isso não quer dizer, é claro, que a Coréia do Sul não tem uma quedinha por franquias. Eles têm. De fato, dentre as dez maiores bilheterias do ano, os três filmes hollywoodianos que aparecem são todos de superheróis. Em terceiro, The Avengers lucrou  50 milhões de dólares; Dark Knight Rises, em quinto, 43 milhões e The Incredible Spiderman, 36 milhões em sexto.

Mas, de resto, todos os filmes foram produções locais, nenhum parte de uma franquia já existente e todos dos mais diferentes gêneros. A impressão é que o boca-a-boca acima de qualquer coisa foi o que atraiu as multidões para o cinema e não necessariamente efeitos especiais ou enorme hype.

2012 foi particularmente forte para o cinema local. Dos quatro filmes coreanos que ultrapassaram a marca de 12 milhões de ingressos vendidos na história, dois foram lançados esse ano. Ambos ultrapassaram 80 milhões de dólares em arrecadação.

Com 82.6 milhões de dólares arrecadados, The Thieves, um filme de ação e comédia sobre um grupo de ladrões, foi o sucesso do ano e se transformou na terceira maior bilheteria da história do país (atrás de Avatar e o filme local The Host de 2006). O segredo? Um elenco estrelado, um roteiro cheio de ação, twists and turns e seqüencias espetaculares e bem filmadas.


Thieves não foi o único filme a quebrar recordes. O drama histórico Masquarade lucrou 82 milhões de dólares (quarto maior filme coreano da história) e ganhou nada menos do que quinze estatuetas no Grand Bell Awards, o equivalente local ao Oscar.

O filme, ambientado na Dinastia Joseon no século 17, conta a história de um plebeu, que ganha a vida sendo um ator cômico. Quando o rei começa a receber ameaças de morte, ele é escolhido para ser o sósia do monarca. Tudo parece simples até que o rei acaba tendo que ser internado, vítima de um envenenamento, e o plebeu é forçado a substituí-lo em tempo integral, sem que ninguém perceba. Ambos os papéis são interpretados pela mega estrela local Lee Byung-Hun.


A Warewolf Boy foi a quarta maior bilheteria do ano. O filme conta a história de uma bela garota adolescente que, nos jardins de sua casa de campo, acha um menino-lobo e começa a treina-lo para que ele vire um garoto normal. Os dois acabam se apaixonando, o que dá origem a uma complexa e emocionante história de amor.
No mais, entre o top 10 temos Nameless Gangsters, um filme noir sobre a guerra do governo contra a corrupção em Busan (a segunda maior cidade do país) em 1990 (e que a revista Time descreveu como um filme "que deixaria o Scorsese orgulhoso"); The Grand Heist, uma comédia histórica ambientada no século 18; um remake local da comédia argentina Un Novio para mi Mujer mostrando que good storytelling não conhece fronteiras (All About My Wife, 29.3 milhões) e o filme de terror Derranged.

Apesar de ter certa noção sobre a cultura pop sul-coreana, nunca vi nenhum filme local. Contudo, a enorme variedade na indústria e o fato de que ela não parece dominada por franquias e sim por filmes que se esforçam para contar boas histórias -- de remakes a dramas históricos a cinema noir -- me parece algo bem interessante e um exemplo a ser seguido pelo resto do mundo.

Dos cinco filmes mais vistos do ano, apenas 21 são produções internacionais. Entre os 32 filmes que ultrapassaram a marca dos 10 milhões de dólares, apenas 12 não são coreanos (um deles, para variar, é o francês Les Intouchables).
França: A França é um raro caso de um país que, em 2012, segue tendo uma indústria cinematográfica local forte. É raro não ter pelo menos um filme francês entre os 5 mais assistidos e as duas melhores bilheterias da história do país -- as comédias Bienvenue chez le Ch'tis (2008; 195 milhões de dólares) e Intouchables (2011; 166.2 milhões) -- são made in France. Volta e meia o país também exporta algum mega smash global (Intouchables; Amelie Poulain) e alguns de seus atores crossover para a fama mundial (Marion Cotillard; Jean Dujardin; Audrey Tatou).

Porém, vendo os filmes franceses que mais lucraram esse ano, podemos concluir que o mesmo problema que assola Hollywood também chegou a França: as três maiores bilheterias de filmes locais são partes de franquias já conhecidas.

O maior sucesso do ano foi Sur le Piste du Marsupilami, baseado na propriedade de quadrinhos locais Marsupilami. O filme -- em carne-e-osso porém com um Marsipulami em CG -- lucrou 45 milhões de dólares, sendo a terceira maior bilheteria do ano e o filme francês mais lucrativo de 2012. O filme foi dirigido pelo celebre comediante Alain Chabat, que estrela ao lado do também comediante Jamel Débbouze. Ah, a Celine Dion faz uma ponta no filme interpretando ela mesma (isso não tem a menor importância mas achei interessante comentar, ha).


Logo abaixo, com 40 milhões de dólares, La Vérite si je mens! 3, o terceiro filme da bem sucedida franquia de comédias de Thomas Gilou cujo o primeiro filme foi lançado em 1997 e a seqüencia em 2001. O terceiro instalment continua seguindo um grupo de judeus ricos em Sentier, o distrito têxtil de Paris, e suas trapalhadas. Apesar de um resultado bom, o filme foi o que menos lucrou na trilogia (4.8 milhões de ingressos vendidos, comparado com os 5 milhões do primeiro e os 7 milhões do segundo).

Finalmente, em terceiro entre os filmes locais (e oitavo na lista geral), com 34 milhões de dólares, Astérix et Obélix : Au service de Sa Majesté, o quarto filme da franquia baseada na série de HQ francesa mais bem sucedida de todos os tempos e estrelando Édouard Baer e Gérard Depardieu. Alias, ai é que entramos na discussão "fracasso apesar das arrecadações altas".

Com promoção gigantesca, baseada na franquia de HQ francês mais popular de todos os tempos e com Gerard Depardieu -- de longe, o maior nome do cinema local -- no papel principal, é óbvio que as expectativas eram altas. Porém, a série de filmes, que nunca foi queridinha dos críticos (provavelmente porque, com todo respeito, o humor cinematográfico francês pode ser beeeem tosco e ha ha ha torta na cara ou, como eles mesmo classificam, l’humour pipi-caca), estava se mantendo em alta até pouco tempo atrás, com os dois primeiros filmes da série (lançados em 1999 e 2002) obtendo resultados altíssimos. O terceiro, Asterix sur les Jeux Olympees, lançado em 2008 (e o filme francês com o maior orçamento na história), já começou a mostrar uma tendência de queda (apesar de ter acabado o ano como a segunda maior bilheteria do ano, atrás só do recordista histórico Chi'tis).

Com A Service de sa Majesté, o público parece ter perdido a paciência e o filme despencou de vez. Será o primeiro da série a não se posicionar entre os três mais vistos do ano (tendo que se contentar com a oitava posição no ranking geral) e ainda vai acabar no vermelho: o orçamento foi de 62 milhões de Euros para menos de 40 milhões arrecadados (é verdade que o filme também deve lucrar alguns milhões em outros territórios, afinal, Asterix é mundialmente conhecido e popular).

Apesar de que a queda entre o segundo filme, Mission Cleopatra, e o terceiro, Jeux Olympees, já mostrava uma saturação por parte do público, havia uma certa expectativa em relação ao novo filme. Grande parte disso se devia a escolha de diretor: Laurent Tirarde que, em 2008, adaptou outra obra clássica de Goscinny (criador do Asterix), Le Petit Nicolas que foi um dos maiores sucessos de crítica e bilheteria naquele ano (e realmente é muito bom). Mas, no fim das contas, nem isso salvou a franquia.

O único filme francês que não fazia parte de uma franquia e que figurou entre os 10 mais visto do ano foi Les Seigneurs, uma comédia sobre futebol, que arrecadou 31 milhões de dólares nos cinemas. Contudo, o sucesso inesperado acabou sendo Le Prenóm, baseado na peça de mesma nome e que narra a história de Vincent, um homem que está para ser pai, e, para choque geral, quer nomear seu filho de Adolf. Sem muita expectativa, o filme lucrou 25.6 milhões de dólares, mais do que o novo Homem Aranha e do que Taken 2 (que, alias, é uma co-produção francesa).

No mais, Skyfall é a melhor bilheteria do ano na França (e, seguindo uma tendência global, o maior filme 007 já lançado no país) seguido de A Era do Gelo 4.

Top 5: 1. Skyfall (56 milhões de dólares); 2. A Era do Gelo 4 (55.6 milhões de dólares); 3. Sur la Piste du Marsupilami (45 milhões); 4. La Verité si je mens! 3 (40 milhões); 5. Os Vingadores (38 milhões).


Itália: Os dias do cinema italiano como grande força mundial estão cada vez mais distantes porém, a nível nacional, o cinema local continua forte. Prova disso é que nos últimos dez anos, uma das duas maiores bilheterias do ano sempre foi um filme italiano e, esse ano, não foi excessão.

Em 2008, Bienvenue suz les Ch'tis virou a maior bilheteria da história da França. O filme, uma sátira do nordeste do país e de seus estereótipos, lucrou 190 milhões de dólares e transformou a região de Nord pas de Calais -- antes demônizada pelo seu clima desagradável frio e cinzento, sua população de classe trabalhadora e seu dialeto próprio e pouco agradável aos ouvidos -- em região da moda. Em 2010, a Itália produziu sua própria versão, Bienvenuti al Sud, com um roteiro similar porém ambientado em Castellabate, uma cidade próxima a Napólis. Foi um gigantesco sucesso, lucrando 44 milhões de dólares.

Esse ano, uma sequência original -- Bienvenutti al Nord -- foi a maior bilheteria do ano, lucrando 33 milhões de dólares. O filme, que narra o a situação inversa -- um personagem sulista do filme original se mudando para Milão -- foi um grande sucesso, apesar de não ter superado a arrecadação do primeiro filme.


A outra maior bilheteria local do ano também foi uma seqüência. Continuação de Immaturi, que lucrou 20 milhões de dólares ano passado e narrava o reencontro de um grupo de amigos depois de 20 anos sem se ver, Immaturi: Il viaggio lucrou 15.5 milhões de dólares e foi o nono filme mais visto no ranking geral.

Enquanto ano passado quatro das dez maiores bilheterias foram filmes italianos, esse ano foram apenas duas, ambas seqüências.

No cinema local, o gênero mais popular de longe é a comédia pastelão e esse é o gênero de todos os filmes italianos que aparecem entre os 20 mais vistos. Pais divorciados sendo obrigados a morar juntos (Posti in piedi in paradiso, 11.4 milhões de dólares); uma família exemplar e seu vizinho pornstar (Com'è bello far l'amore, 10 milhões. Alias, inexplicavelmente, esse filme foi lançado com cópias 3D) e um natal muito cheio de trapalhadas (Il peggior Natale della mia vita, 9 milhões) foram as premissas de alguns dos sucessos do ano.

A Itália tem um sub-gênero próprio que tem grande popularidade no período natalino: o cine panetone que nada mais são do que comédias pastelão familiares ambientadas durante as festividades de fim de ano, normalmente em algum cenário exótico mundo aforo. O representante desse ano foi o filme da Disney Il peggior Natale della mia vita que teve um resultado bem morno comparado as tentativas dos anos anteriores, particularmente as franquias Vacanze di Natale e Nata a..., todos dirigidos pelo comediante local Neri Parenti e todos entre as maiores bilheterias do cinema italiano.


O primeiro Vacanze di Natale, ambientado na região de Cortina na Itália, foi lançado em 1983. Duas seqüencias, ambientadas na Suíça, foram lançadas em 1990 e 1991 e uma em Colorado em 1995. Mais dois filmes ambientados em Cortina foram lançados em 1999 e em 2011.

Além disso, Neri também dirigiu a fenomenalmente bem sucedida Natale a..., que começou no Nilo em 2002 antes de seguir para Índia em 2003; Miami em 2005; Nova York em 2006; República Dominicana em 2007; Rio de Janeiro em 2008 (curiosamente, junto com a de Republica Dominicana, foi a maior bilheteria de toda série); Beverly Hills em 2009 e África do Sul em 2010. Além disso, ainda teve Merry Christmas de 2001, em Amsterdam, e Christmas in Love, de 2004, ambientado na Suíça.

Em 2011, os filmes já estavam mostrando sinais de fadiga quando Vacanze di Natale a Cortina foi um dos primeiros cine panetone do diretor a não figurar entre as cinco maiores bilheterias do ano e não ultrapassar os 20 milhões de dólares arrecadados (ao invés disso, fez 15 milhões mas não apareceu sequer entre as dez maiores bilheterias do ano). 

Esse ano, o diretor optou por não ir pelo caminho do cine panetone depois e apostar em uma comédia tradicional, Colpi di fulmine. Os resultados do lançamento estão bem aquém dos populares filmes festivos.

É importante destacar que o cinema italiano local não teve um ano tão bom quanto 2011 mas os resultados obtidos ano passado são bem difíceis de superar. Apesar de uma queda de 11% de vendas de ingresso comparado com o 2010, o filme local Che bella giornatta, mais uma comédia pastelão do tipo que eles amam bastante, se transformou primeiro no maior filme italiano da história (superando A Vida é Bela, ganhador do Oscar em 1998) e, depois, na maior bilheteria ever, desbancando Titanic. O filme lucrou 60 milhões de dólares.

Esse ano, é claro, nenhum filme -- nacional ou internacional -- chegou perto. Depois de Bienvenuti al Nord, as maiores bilheterias foram Madagascar 3 e o último filme da saga Crepúsculo, Breaking Dawn pt. II. Assim como no resto do mundo, o francês Intouchables foi o blockbuster surpresa com 20 milhões de dólares arrecadados.

Top 5 Itália: 1. Bienvenutti al Nord (33.5 milhões de dólares); 2. Madagascar 3: Europe's Most Wanted (28 milhões); 3. Breaking Dawn pt. II (26 milhões); 4. Os Vingadores (22 milhões); 5. Era do Gelo 4 (20 milhões).

Espanha: Eu não sei vocês mas acredito que se uma produtora brasileira contratasse um diretor brasileiro para dirigir um filme baseado numa história real que aconteceu com uma família brasileira porém todo falado em inglês, com um elenco todo americano/inglês, eu imagino que iria ter algum tipo de backlash por aqui, não acham?

Contudo, não foi isso que aconteceu na Espanha. O filme El Imposíble, inspirado na história real de uma família espanhola que sobreviveu ao tsunami da Ásia em 2010, estrelado pelo britânico Ewan McGregor e a australiana Naomi Watts (apesar do diretor e da produtora serem espanhóis) se transformou na maior bilheteria já registrada por um filme espanhol, ultrapassando o filme de terror El Orfanato de 2007 (que, alias, foi dirigido pelo mesmo cara: J.A. Bayona).


É verdade que a Espanha já está acostumado de ver atores anglo-saxões estrelando filmes locais. Os Outros, de 2001, com Nicole Kidman, e Agora, lançado em 2009, com Rachel Weiz, são filmes locais, dirigidos por Alejandro Aménabar e, apesar de terem sido rodados em inglês, isso não prejudicou o sucesso deles no país já que ambos figuram entre as melhores bilheterias de todos os tempos.

The Impossible lucrou mais que o dobro que o segundo lugar em bilheteria, Breaking Dawn Pt 2, e mais que o triplo do que "Os Vingadores" arrecadou na Espanha. The Impossible também é um dos raríssimos casos onde a gente vê uma foto da família real que inspirou o filme e conclui que eles não ficam devendo em nada (em termos de beleza) aos atores que os retratam na versão cinematográfica.

Além disso, o filme gerou ainda mais burburinho quando Angelina Jolie publicou uma carta elogiando efusivamente a performance de Ewan McGregor, o que também, com certeza, ajudará o ator a conseguir uma indicação ao Oscar (um comunicado oficial de Julia Roberts elogiando Javier Bardem em Biutiful faz alguns anos é apontado como um dos principais motivadores a indicação de Bardem ao Oscar em 2010).

Por outro lado, El Imposible também atraiu críticas bem pesadas nos EUA (das quais eu tendo a concordar um pouco) por fazer algo que Hollywood tem o costume de fazer: usar um desastre que matou milhões e focar o filme não nos principais afetados mas em turistas caucasianos e ricos, pintando-os como as principias vítimas da situação e basicamente relegando os locais que perderam tudo a figurantes. Mesmo assim, as críticas são majoritariamente positivas.

El Impossible não só obtém o recorde de maior bilheteria para um filme local na história, ele também superou Titanic como o filme que mais atraiu pessoas ao cinema (6 milhões de bilhetes vendidos). Em lucros totais, ele continua atrás de Avatar já que não teve a vantagem dos ingressos 3D mais caros.

Mas El Impossible não foi o único sucesso local do ano. 2012 foi um ótimo ano para o cinema espanhol. Graças a diretores como Bayona, Almodovar e Guillermo del Toro e estrelas locais como Javier Bardem e Penelope Cruz, o cinema do país está mais valorizado que nunca, inclusive entre a população local. Ao longo dos últimos 5 anos, apenas seis filmes made in Spain alcançaram 10 milhões de euros arrecadados. Três desses foram esse ano.

Las Aventuras de Tadeo Jones, um filme animado produzido localmente, foi outro fenômeno, com 23.2 milhões de dólares arrecadados, superando o colossal A Era do Gelo 4 (19.6 milhões) e Madagascar 3 (13.4 milhões) e se transformando no filme infanto-juvenil mais visto do ano. Foi o primeiro longa metragem estrelado pelo personagem Tadeo Jones, já conhecido pelo público local graças a dois premiadissimos curta-metragens. Além disso, a música principal da trilha sonora, Te Voy a Esperar, um dueto entre o produtor/cantor dance Juan Magán com a estrela pop mexicana Belinda, ocupou o too das paradas de single por mais de 1 mês e foi um dos maiores hits do ano no país, fazendo do filme um sucesso multimídia.


O terceiro longa metragem local mais visto foi Tengo Ganas de Ti, um romance adolescente, seqüencia do sucesso de 2011 3 Metros sobre el Cielo. Os filmes são reamkes de uma bem sucedida franquia italiana baseado nos livros de Federico Moccia.

Alias, a trajetória de Moccia é interessante. Em 2004, Tre metri sopra el Cielo, um filme romântico adolescente e baseado em um de seus livros, virou um sucesso cult na Itália e impulsionou a venda de seus livros (todos romances adolescentes ambientados em Roma) a casa de milhões de unidas vendidas. Nos anos seguintes, o autor virou um fenômeno: os filmes baseados em sua obra lucravam milhões de euros e o autor era tratado como uma superstar e um trendsetter pelas meninas italianas. Mas, depois de quatro anos de onipresença midíatica, a popularidade do autor despencou e, conseqüentemente,  o lucro de seus livros e filmes sofreram.

Porém, o autor ganhou um novo vento de popularidade na Espanha onde, graças a força do império editorial da Planeta, seus livros se transformaram em best-sellers. 3MSC foi adaptado para uma versão local, ambientada em Barcelona em 2010 (a maior bilheteria de um filme espanhol naquele ano) e, esse ano, Tengo Ganas de Ti (adaptação de Ho Voglio di Ti) superou os lucros do primeiro e foi o terceiro filme local mais visto com 15.7 milhões de dólares arrecadados (mais do que The Dark Knight Rises). A renda total ficou bem perto do que a versão italiana lucrou em 2007 (18.6 milhões de dólares) e, proporcionalmente (a Espanha é um país menor), o sucesso foi ainda maior. Um terceiro filme baseado na obra de Federico Moccia, Perdona si te Llamo de Amor (cuja versão italiana lucrou 21 milhões de euros em 2008) já está em produção para o ano que vem.


Tanto El Impossible quanto Tadeo Jones são produções do braço cinematográfico do canal de mais audiência do país, Telecinco (propriedade da italiana Mediaset do Berlusconi). Já Tengo Ganas de Ti é produzido pelo canal rival, Antena 3. Contudo, para 2013, a Telecinco conseguiu os direitos da obra de Moccia e Perdona si te llamo de Amor será produzido por eles. Será um dos 9 filmes produzidos pela companhia da Mediaset em 2013, fazendo com que a empresa de Berlusconi seja a maior produtora de filmes na Espanha e na sua Itália natal. Outras produções Telecinco incluem a sequência de Tadeo Jones e novos filmes dos badalados diretores Daniel Monzón e Patxi Amezcua. Ano que vem o cinema espanhol ainda deverá se beneficiar da esperada reunião de Almodovar com sua musa, Penelope Cruz em Los amantes pasejeros.

Top 5 Espanha: 1. The Impossible (51.3 milhões de dólares); 2. The Twilight Saga: Breaking Dawn pt II (26.5 milhões); 3. Las Aventuras de Tadeo Jones (23.2 milhões); 4. Intouchables (21 milhões); 5. Os Vingadores (20.2 milhões)

Alemanha: Til Schweiger é O cara do cinema alemã. Ele é o full package: um verdadeiro galã, ele é o rosto perfeito para estrelar filmes. Filmes os quais ele também dirige e escreve. Ah, ele também é um pai de família, com 4 filhos, todos lindos (fruto do casamento com uma top model), que costumam atuar ao lado dele. 

O sucesso de Til com o público alemão é tanto que Hollywood o usa como "arma", colocando-o em papéis pequenos em vários filmes com a intenção de, assim, atrair mais público nos territórios de língua alemã. Ele foi uma das estrelas da comédia de ensemble New Years Eve (junto com Zac Efron e Bon Jovi e Lea Michelle e Halle Berry e Sofia Vergara e Ashton Kutcher e Jessica Biel etc); teve uma ponta na comédia de Reese Whiterspoon, This Is War e participou do elogiado filme de Tarantino, Inglorious Bestards.


Na Alemanha, os filmes que ele estrela e produz costumam seguir a mesma formula: comédias românticas leves e divertidas, que equilibram momentos família com pitadas de humor mais caliente, tudo com a cênica Berlin como plano de fundo. Com essa formula, seu grande debut cinematográfico, Keinohrhasen (Coelho Sem Orelhas), sobre um mulherengo que se apaixona por uma atrapalhada professora pré-escolar, lucrou 75 milhões de dólares e foi o filme mais visto da Alemanha em 2007. A sequência, Keinohrhasen, lucrou 41 milhões de dólares em 2008, a sexta maior bilheteria do ano.

Kokowääh (o título é uma brincadeira com a pronuncia alemã de Coq-au-Vin), sua comédia romântica mais recente, que segue exatamente a mesma formula do sucesso anterior (mulherengo descobre que tem uma filha pequena, fruto de uma one night stand alguns anos antes) foi a terceira maior bilheteria de 2011, com 43 milhões de dólares arrecadados.

Em 2012, Til resolveu mudar radicalmente a formula, produzindo, dirigindo e estrelando o filme de ação Schutzengel. Resultado: fracasso. Para 2013, ele retorna com Kokowääh 2.

Com Til Schweiger underperforming, o cinema alemão não teve nenhum filme figurando entre as dez maiores bilheterias do país. Isso não que dizer que nenhum filme local fez sucesso. A comédia jovem, Türkisch für Anfänger - Der Filme (Turco para Iniciantes - O Filme), teve ótimo resultado, lucrando 21.7 milhões de dólares e acabando o ano como o maior sucesso alemão (e a 11ª maior bilheteria do ano). O elogiado filme é uma continuação da popular comédia teen de mesmo nome exibida entre 2006 e 2009, e que narra a história de uma garota adolescente em Berlin, acostumada com seu lifestyle liberal, que tem que aprender a conviver com a família turca muçulmana do novo marido de sua mãe

A maior bilheteria do ano, contudo, não foi um filme hollywoodiano e sim o francês Intouchables que, com 79 milhões de dólares, desbancou tudo e todos. Próximo dele, só Skyfall.

Na Alemanha, Batman desbancou Os Vingadores como o maior filme de herói do ano. Ted, o filme de Seth MacFarlene, também fez bonito no país com 31.43 milhões enquanto o quarto filme da franquia American Pie, American Reunion, teve dos seus melhores resultados internacionais por lá (23 milhões de dólares), provando que os alemães curtem uma comédia R-rated.

Top 5: 1. Intouchables (79 milhões de dólares); 2. Skyfall (75 milhões); 3. A Era do Gelo 4 (68 milhões); 4. Madagascar 3 (39.4 milhões); 5. The Dark Knight Rises (35.5 milhões).

Reino Unido: Ano passado, foi um ano record-breaking para a indústria cinematográfica britânica, com o top 3 de maiores bilheterias todo dominado por produções locais. No topo, o último filme da franquia Harry Potter, seguido do premiado Discurso do Rei e da comédia The Inbetweeners, baseado no fenômeno televísivo.

Esse ano, a parada não foi tão intensa mas o top da lista foi ocupado por mais um fenômeno local, Skyfall, o novo filme do James Bond com 160 milhões de dólares arrecadados. O longa metragem se transformou na maior bilheteria da história do país, ultrapassando os gigantes de James Cameron, Avatar e Titanic.

Em todo o caso, a indústria britânica de filmes pode respirar aliviada. Enquanto Harry Potter, um dos seus maiores fenômenos da história, chegou ao fim, Bond parece não dar sinais de cansaço e, ainda por cima, está mais forte do que nunca, com o novo filme sendo quase que unânimamente elogiado e se transformando no primeiro da franquia a ultrapassar a marca do 1 bilhão de dólares arrecadados.

No mais, o top 10 tem outro blockbuster co-produzido por Hollywood em associação com o Reino Unido. Prometheus, o caríssimo sci-fi de Ridley Scott, lucrou 40 milhões de dólares (10% dos seus 400 milhões arrecadados no mundo todo) no país, o suficiente para ser o oitavo maior filme.

No mais, o Reino Unido mostrou afinidades por super heróis como Batman, Vingadores e Homem Aranha (sétima maior bilheteria, 40.2 milhões de dólares) e blockbusters baseados em best-sellers jovens como o último filme da saga Crepúsculo e Jogos Vorazes (décima maior bilheteria, 37.2 milhões). Taken 2 -- uma propriedade extremamente popular no país, onde o primeiro filme já ultrapassou o 1 milhão de DVDs vendidos -- lucrou 37.9 milhões.

Além disso, o Reino Unido mostra sua afinidade por comédias R-rated. Depois dos dois primeiros The Hungover quebrarem recordes por lá, esse ano foi a vez de Ted, o filme de Seth MacFarlene como Mila Kunis e Mark Whalberg, conquistar altíssimos rendimentos, com quase 50 milhões de dólares arrecadados.

Para variar, A Era do Gelo 4 foi a maior animação do ano, com 47 milhões de dólares.

Enquanto o top 10 não teve tantos filmes locais quanto no ano passado, isso não quer dizer que as produções locais tiveram um mal ano. Entre os grandes sucessos locais de 2012 estiveram The Woman in Black, The Best Exotic Marigold Hotel e The Pirates! Band of Misfit.

The Woman in Black, o primeiro filme pós-Harry Potter de Daniel Redcliffe, mostrou o poder do ator no seu país de origem. O filme de suspense lucrou 35 milhões de dólares (de um total de 128 milhões a nível global) no país.


The Best Exotic Marigold Hotel, que contava com Dev Patel (Slumdog Millionaire) acompanhado de um elenco de peso de atores veteranos locais -- incluindo Dame Judi Dench, Tom Wilkinson e Maggie Smith -- fez 32.6 milhões (de um total de 134 milhões de dólares no mundo todo).



Finalmente, o filme animado Pirates! The Band of Misfit -- lançado pelo braço de animação da Sony e com as vozes de Hugh Grant, Salma Hayek, Martin Freeman e outros -- fez 26.6 milhões (de 121.6 milhões). Foi um bom resultado, mas não superou a animação britânica do ano passado, Arthur Christmas -- com as vozes de James McAvoy e Hugh Laurie -- que lucrou 34.2 milhões.

Top 5 Reino Unido: 1. Skyfall (158.4 milhões); 2. The Dark Knight Rises (90.3 milhões); 3. The Avengers (80.56 milhões); 4. The Twilight Saga: Breaking Dawn pt. II (55.68 milhões); 5. Ted (48.9 milhões)


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